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Ensaio acerca do Entendimento Humano (do original em língua inglesa: An Essay Concerning Human Understanding) é uma obra literária de John Locke, parte da corrente empirista inglesa. Publicada em 1689, como um dos primeiros "grandes" livros do pensamento empirista, tinha como tema principal a epistemologia, em suma: a origem das ideias. Além disso, seu pensamento constitui uma das fontes principais para o moderno empirismo, na filosofia que o sucede. Por exemplo, o ensaio influenciou muitos filósofos iluministas, como Hume e Berkeley. Datas de edição da obra: 1690, 1694, 1695, 1700, 1706. Traduções póstumas: 1700 (para o francês) e reedição em 1729. Essa visão empirista trazida por Locke foi duramente criticada pelos racionalistas: em 1704, Gottfried W. Leibniz se opôs à visão lockeana a respeito do entendimento humano, escrevendo o Nouveaux Essais sur l’entendement humain, onde ele comenta e tenta refutar capítulo por capítulo da obra de Locke. Ao mesmo tempo, houve também uma boa recepção do ensaio, que acabou por servir como referência para o trabalho dos futuros empiristas, como David Hume.
O ensaio em questão funciona como uma teoria epistemológica que concebe o entendimento como a faculdade mais nobre da alma. Há, também, uma noção de progresso da mente em direção ao conhecimento da razão. O texto em si inicia-se com uma carta ao leitor, essa está repleta de dispositivos retóricos como o da modéstia afetada, com objetivo de captar a benevolência do leitor. Locke explica como a obra foi organizada (seus pensamentos em meio às circunstâncias de sua vida privada). Tendo concluído-a em um momento em que se encontrava isolado. Essa foi a organização definitiva. Nessa carta, o filósofo se mostra aberto a possíveis comentários póstumos à publicação de seus escritos, visto que considera que a sua maneira descontínua de elaborá-los pode ter prejudicado o conteúdo. O objetivo mais puro da obra é saber qual a origem e alcance do conhecimento humano. Locke critica a doutrina das ideias inatas de Descartes, afirmando que a alma é como uma tábula rasa, tábua sem inscrições, como um papel em branco. O conhecimento começaria, então, somente a partir da experiência sensível. Não existem ideias inatas, pois, caso existissem, deveriam ser iguais em todos os seres pensantes. Nossos entendimentos não são menos diferentes que nossos paladares, que não são anteriores à experiência sensível. Não há restrição quanto aos leitores, são esses: “toda espécie possível de leitores”, devido à noção de UTILIDADE da obra. "Não pretendo publicar este Ensaio visando a informar os homens de pensamentos notáveis e perspicácia, pois, em relação a tais mestres do conhecimento, considero-me como estudante, e, portanto, o aviso de antemão a não esperar nada aqui exceto o que, tendo sido desafiado de meus pensamentos grosseiros, é apropriado para homens de minha própria estatura, aos quais, talvez, não será inaceitável que tenha-me esforçado para tornar claro e familiar aos seus pensamentos certas verdades que o preconceito estabeleceu, ou o aspecto abstrato das próprias ideias que pode torná-las difíceis […]".